A LINHA SONHADORA-Aula de 02/10/2010

A LINHA SONHADORA
Uma imagem que sempre me vem na cabeça,
Quando desenho, ou vejo outras pessoas desenharem, é a
De que a linha é um ser vivo e sonhador.
Quando um lápis, ou uma pena, ou uma caneta,
Movidos por uma vontade, começam a percorrer a
Superfície branca do papel e nesse serpentear mágico,
Principia a criar riscos, garatujas, construções, seres,
Mundos é como se a linha estivesse sonhando tudo
Aquilo... Tacus



Da linha que vira desenho e vira sonho e vira mãos dadas nos jogos de infância, onde os nomes tornam-se brincadeira de sons e imagens a turma de artes começou o sábado com a tarefa de transformar nomes em linhas, convidando à criação... E fomos todos,canetas nas mãos, reaprender a representar-nos em pequenos pedaços de papel que Monica,nossa professora de linhas e cores,distribuiu...Olhos no papel, frente a frente, tínhamos que reproduzir em sons e gestos os nomes de nossos colegas, traços coloridos que subiam e desciam ,estrelas e círculos tomando forma própria, onde nossa imaginação chegava.
Dançamos livremente no embalo dos sons, desafiando-nos uns aos outros a conhecer nossas novas identidades, enquanto o maestro, digo Monica, regia a orquestra singular, mais alto, mais baixo, conforme a vontade do momento .
E quando as palavras fugiram ,dando lugar à novas formas de expressão, já era hora de fechar os olhos e deixar as mãos correrem livremente no papel, onde a música de fundo pudesse levar.Obedientes, escalamos montanhas, percorremos campos, voamos pela sala, nas asas de nossas imaginação, enquanto a caneta traçava seu curso...O ritmo mudou e todos juntos acompanhamos, nos gestos ritmados em nossa viagem particular..
Súbito a música acaba e um emaranhado de linhas surge na folha diante de nós.
Era desenho mas era além, eram universos onde descobrir imagens e nossos olhos descobriram princesas e borboletas, caracóis e um enorme jacaré, corações e flores se retorcendo por sobre a tinta ,sendo imediatamente cobertos por cores e dispostos em um grande cenário de papel no chão...A imaginação já corria solta e foi preciso romper as barreiras das paredes e sair pro quintal,usando o chão como tela e garrafas de água como pinceis.E pra nossas surpresa, os esguichos e gotas viraram estrelas, corações e navios compondo um imenso painel...
Logo,nos voltamos ao jardim e nos espalhamos pra encontrar objetos e organizá-los em um quadro. Um a um íamos depositando folhas e pedras no chão,desenhando jardins no cimento cinza...Também no chão nos deitamos e o giz que contornou os corpos de alguns de nós criou bonecos com nossas formas,que preenchemos de tecidos, fantasias trazidas por Monica..Os olhos então já viam desenhos por todo lado mas era preciso ir além,mergulhar,tomar parte no cenário..E foi assim que a Juju ganhou um laço de fita azul e Giane um belo turbante, completando a brincadeira..Mas afinal o que tudo isso tinha em comum ,corpos e água, tintas e pedras, folhas e giz?Éramos todos, componentes e compositores de um desenho, forma de expressão da criança, quando ainda livre da censura do belo e do bom com a qual somos confrontados normalmente em muitas escolas... Já de volta à sala, assistimos uma apresentação sobre garatujas em espanhol, nos mostrando que a expressão através do desenho vai além do meramente figurativo..É a demonstração do prazer imediato da criança e está presente em todos os lugares que nos cercam,até mesmo num desenxabido poste de iluminação...Pra finalizar,lemos um texto que falava da liberdade de criar e da importância de valorizar o desenho como expressão do sujeito, se não figurativamente, emocional e artisticamente.Não fosse assim, artistas como Picasso ,Niemeyer e outros tantos não encontrariam modo de existir,frente seus famosos rabiscos...
De tudo ficou a certeza de que é sempre necessário desarmar-se das limitações do material e buscar traçar nossas linhas e estimular as crianças a assim fazerem com a cores da imaginação.